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2016 - Um Ano cheio de TUDO!   Se 2015 foi um ano de aprendizagens, 2016 foi um ano de provações e de vitórias. Foi um ano cheio de obstáculos e com dias maus pelo meio, mas também foi o ano em que mais me superei a mim mesmo.   Janeiro, Fevereiro e Março foram meses bons. Meses em que trabalhei imenso tanto a nível académico como noutros projetos extra-curriculares. Consegui manter tudo estável na minha vida e, apesar do cansaço, manter-me feliz perante todas as adversidades que, inevitavelmente, foram surgindo. Se há meses em que consegui fazer tudo e, mesmo assim, manter o meu equilíbrio mental foram estes três primeiros meses.   Eis que, entretanto, chegámos a Abril. Abril não foi um mês fácil. Foi um mês de muito stress. Foi um mês em que me senti cansado e desgastado várias vezes. Foi um mês cheio de trabalho, sobretudo no que toca aos projetos extra-curriculares. Tantos ensaios, tantas reuniões. tantas horas de trabalho investidas em atividades, tantas noites mal dormidas po

2017

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O Balanço de um Ano   Olá a todos! Depois de muito tempo a publicar somente textos literários, decidi escrever sobre outros assuntos. 2017 foi muito bom em termos de produção literária para mim, mas acho que, neste momento, a minha inspiração não é igual e, por isso, vale a pena abordar outros temas.   Decidi falar acerca do meu ano de 2017 e vou dividi-lo em várias partes. Confesso que este ano foi, em certa forma, um ano mau, mas acho que está a acabar bem. Ora vamos lá ver como foi este ano. 1 – Amizades   Obviamente, houve pessoas importantes a aparecerem na minha vida, mas, mais do que isso, houve uma “redefinição” de várias amizades.   Neste momento, posso afirmar, sem dúvida nenhuma, de que sei quem são as pessoas mais importantes na minha vida. Não tenho de estar sempre com elas para saber o que elas significam para mim e o quanto me ajudam, mesmo não sabendo. São essas pessoas que me respeitam como eu sou, que conhecem os meus medos, os meus trunfos
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Intermitências do Eu Café la Nuit  Van Gogh   Entro no café. São 22:33, mas isso eu não poderia dizer. Não uso relógios. Deixo o tempo correr; se alguém o quiser tornar mais preciso, que o torne.   Entro no café. São 22:33. Sinto-me pronto a mergulhar, mais uma vez, numa bela chávena de café. Afogar-me-ei nessa bebida afrodisíaca que ora me eleva ora me mata. Sinto o meu corpo a mover-se e a entrar na sala. Um corpo esguio, alto, revestido de peças pretas.   Lá dentro, a luz que vibra e que torna tudo berrante e sensitivo contrasta com a minha roupa preta. Sinto-me um estrangeiro na Índia das cores ou no Brasil dos sabores. Estou apenas num café.   Ninguém me vê neste local. Neste canto que não foi retratado. Sento-me e penso na energia das cores, porventura mais belas - porque mais contrastivas -, do que as do dia. O verde do teto fere-me a alma, ao passo que o vermelho berrante da parede me deixa em êxtase.   As pessoas agrupam-se. São poucas, mas estão quase tod

Monet, luzes e ação

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  O fim de tarde chega, de mansinho, prestes a refrescar a paisagem queimada pelos raios de sol enraivecidos de Verão. É ele que transforma o céu numa obra de arte, que contemplo como se visse a pureza do Universo a voltar a mim. Saio à rua finalmente e tento fixar, na minha difícil memória, a cor das nuvens que se descola daquele céu azul claro.   Tento fixar a cor das nuvens porque só elas me trazem um pouco de calma, um pouco de paz aos meus dias de raiva, de ódio, de pânico, de gritos secos dados no meio da escuridão. Vejo-me a anoitecer (de que dia falo eu?) e estico o meu corpo ágil em direção àquelas cores que pairam no céu, como se elas conseguissem preencher este vazio, esta insatisfação, esta falta de me ser, esta raiva de tudo me martirizar. Quero dançar ao som do vento e tornar-me laranja ou então um vermelho cor de sangue, como aquela nuvem perto da torre. Quero sentir aquele azul a tombar para negro de que se reveste o céu pré-noturno. Quero mergulhar no tom esbran
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Apelo à Humanidade   Sinto saudades de escrever. Sinto saudades porque só quando escrevo é que sinto, isto é, só quando escrevo é que sinto pura e verdadeiramente. É por isso que escrevo e talvez seja por isso que parto: preciso de fugir para sentir, para sentir uma espécie de acalmia ou de plenitude.   Parto e entro na grande cidade, onde os prédios se erguem até ao céu ora em cores desmaiadas e mortas ora revestidos de ferro e de vidro brilhantes. Nesta cidade onde os bairros se desenham por contraste. Uns são belos, salutares, onde a classe média se enfia ao fim de um dia de trabalho, procurando o bem-estar há tanto desejado. Outros estão cheios de cores mortas, tanto nas casas como no chão. Bairros onde só se apinha gente que não tem outro sítio para se apinhar. Bairros ora sujos ora apenas degradados, onde tudo esmorece e a estética citadina procura novos contornos e definições.   Sinto-me a percorrer estas grandes avenidas, a procurar conforto na zona da margin

Espírito de Verão

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  A Memória de (me) Imaginar   Pegar nos tachos, nas colheres e nos pratos. Agarrar uma cebola, picá-la bem picadinha para lhe sugar a essência minutos mais tarde. Selecionar a quantidade de massa necessária para o jantar. Colocar o tacho da massa ao lume, cheio de água e sal. Fazer um refugado com a cebola já cortada, adicionar azeite e polpa de tomate. Abrir a lata de atum à pressa, como se o tempo me fugisse das mãos, e fazer deslizar o conteúdo daquela lata para dentro do tacho onde o refugado prontamente o esperava.   Acabar de cozer a massa. Sentir o vapor queimar-me as mãos e aquecer-me o espírito. Abrir a porta da varanda para deixar entrar o ar.   Parar.   E sentir o vento. O vento que me envolve e embala, enquanto a música me explode nos ouvidos e sinto as minhas pernas a dançar enquanto vou tratando da comida. Imaginar-me numa casa de Verão, sozinho, sem ninguém a perturbar a minha ataraxia, longe de todos.    Voar para uma casa no campo no norte de Portugal. O

Ode à Noite

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Evasão   A porta da varanda está entreaberta. O ar fresco e leve da noite convida-me a entrar no ambiente noturno como se me encaminhasse para um percurso errático, de exploração profunda da minha psique. Sento-me na cadeira que está na rua e dou por mim a fumar um cigarro.    O fumo esvai-se, atraído pela lua, cuja luz radiante e majestosa se arrasta nas sujas lajes do pavimento e me recorda de que estou sozinho na noite.   Os prédios em redor parecem formar paredes que delimitam um claustro constituído unicamente pelo pátio reles da vizinha. A luz da cidade é tão banal e útil que me sinto acometido de uma vontade de me revoltar contra o mundo capitalista e burguês em que ainda vivemos.   Que vontade de ser como as nuvens, de me colorir com as cores do céu, de dançar com a vida de quem as contempla, de ter matizes laranja num tom negro ou matizes negras no laranja do céu! Rodopiar na flutuação do ser, sair de mim e entrar no céu desvairado e aterrorizador. Ser-me

Ab imo pectore

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Nuditas    Face branca de pureza e genuinidade. Lábios carnudos como uma explosão de prazer e raiva. Cabelo escuro da força da terra, do cheiro da vida. Mãos suaves como uma jarra de flores. Corpo esguio e magro de planta flexível, cuja seiva flui continuamente. Sentado numa cadeira, a contemplar o céu de tons arroxeados e alaranjados a partir do terraço, sento-me e recordo-me como se fosse penetrado por uma acutilante sensação do passado por resolver.   Como esquecer os dias de pânico e angústia quando se é criança? Como esquecer o medo dos colegas, as palavras cruéis que eles gritam ao verem alguém que sabem ser diferente? Como não sentir uma dor pelos nervos dentro quando as palavras brutais e ferozes nos atropelavam quando éramos crianças? Como não sentir o desespero na pele quando te pontapeavam ou te pregavam uma partida? Como esquecer a chaga que ficou, que permanece, que nunca sarou e nunca há de sarar? A infância é sempre um período belo porque distante. Ela não é

Corredores

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  Uma casa com um grande corredor, onde os meus passos se perdem. Salões que se cruzam e entrecruzam como num sonho em série. Sinto-me a cheirar as flores nos vasos, olho o sol que rebenta as janelas, visto-me com uma força ancestral que não sei de onde vem. Toco os mármores das estátuas com estas mãos finas, cheias de força espiritual e maduras de escrita. Estas mãos que tremem, que se animam, que me doem e que me são até ao fim. Com estas mãos me crio, me reinvento e me choro. Choro-me até à ponta dos dedos e cristalizo-me nesta mão magra, comprida, de dedos finos.   A camisola às riscas ajusta-se-me ao busto e torna-me versátil. Flexível. As calças pretas fazem-me sentir estas pernas que me seguram, que me puxam para a frente como se nunca pudesse fazer outra coisa. Quem me impele a seguir? As botas devolvem-me o ser, a personalidade, ao mostrarem-me estes pés que arquejam, que querem descanso, mas nunca o pedem.   Estou à frente de um espelho. Como? Apenas sei que estou e que

"Je est un autre"

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No Canto do Olho   Saio de casa e mergulho na escuridão doce da noite. Eu, amante dos dias repletos de luz e de calor, troco a claridade matinal pela escuridão cerrada e sinto-me dançar na brisa fresca e cortante da noite, enquanto ouço os sons desta terra adormecida. Onde estou eu? Estou em casa... Naquela que é a minha terra natal. Estou na minha verdadeira pátria, aquela a que sempre recorro nos meus momentos de cansaço, de tristeza, de solidão, de desespero. Naquela pátria com a qual sonho quando não tenho sonhos e na pátria que me corrói quando os meus sonhos sabem que não têm lugar ali. Finalmente, encontramo-nos. Eu e tu, minha querida terra. Tu e eu, minha amada noite.   Oiço os meus passos à medida que vou caminhando. A estrada ainda está ligeiramente molhada, pelo que o ruído das minhas botas não passa despercebido naquele momento. Continuo a caminhar no meio de uma estrada escura, estreita e ladeada por silvas e árvores, tentando, talvez em vão, encontrar uma luz sufici

Chega de Estar

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  O sol entra pelas minhas janelas e invade todo o espaço da minha casa, enquanto eu o deixo entrar em mim. Deixo-o, na verdade, infiltrar-se na minha pele como se o meu sangue fosse feito de finos raios solares.   Decido acabar com os dias tristes que estão alojados na minha corrente sanguínea. Ponho fim às inseguranças, às tristezas e às desilusões tão constantes e substituo-as pela vida oriunda dos dias de sol brilhante. Não consigo mais estar triste enquanto sinto esta luz dourada a penetrar o meu ser.   Largo as vicissitudes. Largo a amargura. Largo quem sou nos dias tristes e extenuantes. Saio de mim mesmo. Arranco o meu sangue e troco-o por quem realmente deveria ser. Abro a janela e esqueço que tenho um rosto e que sou alguém. O sol toma conta da minha face, os meus olhos esquecem-se do castanho e tornam-se azuis como o céu que me toca no interior. No meu âmago. O vento é o meu cabelo. E todo eu sou o próprio dia de sol.   Como manter esta apatia, esta tristez
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  A Ataraxia do Céu   Sento-me e olho para o céu que ainda há pouco contemplava na rua. Preciso de ter as persianas abertas. Preciso de ver esse lugar cristalino e luminoso lá em cima...   Caminhava como sempre caminho. Deslocava-me com um passo decidido e via a cor negra do alcatrão que pisava. Via essa cor até que decidi olhar para o céu e o que vi tomou conta de mim.    Um céu lindo e maravilhoso absorveu-me. Não era um céu digno das lentes dos que buscam a fama imediata, mas, sim, um céu que só a mim me falava. Um azul forte - mas não propriamente escuro - predominava, mas o céu tinha ainda nuances de violeta, cor-de-rosa e amarelo. Um céu que me transmitia a clareza, a beleza e o mistério de tudo. Um céu que me enchia. Que me preenchia. Que me foi. Que me é.    Algumas nuvens dissipavam-se e formavam, todas juntas, um fio, um risco bem grande de uma só cor. Podia ser cor-de-rosa, roxo ou aquele amarelo que caminhava a largos passos para o branco. Não interessa... O que me
  Os dias sucedem-se e as horas passam. Estou em casa, mas não sei bem se sei onde estou. Estou aqui e é como se não quisesse estar depois de tantas vezes ter desejado voltar para cá...  Não sei se sou o nevoeiro das manhãs que vai pairando por onde lhe apetece... Não me parece, mas gosto de pensar nesta transfiguração.    Saio finalmente destas quatro paredes que me sufocam. Saio e digo a mim mesma que é altura de me esquecer. É altura de sair daqui, mas a saída vai demorar pouco tempo. Mais uma saída fugaz. Apenas uma saída que nada me diz, em que nada sou a não ser eu própria, em que continuo a recordar o peso das minhas convicções sobre mim mesma. Gosto de quem sou - como se fosse possível saber quem é que somos -, mas odeio a forma como tenho de ser. Como me obrigam a ser. Sou massacrada e oprimida por uma sociedade que não me compreende. Saio de casa, vou a festas, maquilho-me, visto-me e todos pensam que tenho liberdade. Todos se esquecem que uma mulher não tem liberdade.