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A mostrar mensagens de maio, 2017

Ab imo pectore

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Nuditas    Face branca de pureza e genuinidade. Lábios carnudos como uma explosão de prazer e raiva. Cabelo escuro da força da terra, do cheiro da vida. Mãos suaves como uma jarra de flores. Corpo esguio e magro de planta flexível, cuja seiva flui continuamente. Sentado numa cadeira, a contemplar o céu de tons arroxeados e alaranjados a partir do terraço, sento-me e recordo-me como se fosse penetrado por uma acutilante sensação do passado por resolver.   Como esquecer os dias de pânico e angústia quando se é criança? Como esquecer o medo dos colegas, as palavras cruéis que eles gritam ao verem alguém que sabem ser diferente? Como não sentir uma dor pelos nervos dentro quando as palavras brutais e ferozes nos atropelavam quando éramos crianças? Como não sentir o desespero na pele quando te pontapeavam ou te pregavam uma partida? Como esquecer a chaga que ficou, que permanece, que nunca sarou e nunca há de sarar? A infância é sempre um período belo porque distante. Ela não é