Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2020

Poema

Deixo que a claridade me cegue.  Não adianta lutar contra ela, berrar, revoltar-me,  Assim é, assim a aceito.  Maio chegou e, com ele, uma claridade feroz Uma claridade que nos atinge a nós. Todos.  Todos a recebem, todos são encadeados por ela  Não adianta escaparmos como uma ferida gazela...  O branco queirosiano das casas refulgentes,  A seiva bruta das plantas,  O cheiro do campo e do dourado Sol,  A minha cabeça e os meus olhos tão cansados quanto fascinados.  Amo esta luz que me fere.  Talvez a ame por minha não ser,  Por ter de a aceitar.  Aceito-a como aceito o absurdo do mundo:  às vezes esperneio contra ele, mas  não adianta.  Hoje o dia é de sol,  Talvez a chuva venha aí um dia destes...  Talvez...  Perco-me nestas conversas dubitativas de uma época dubitativa.  Amanhã hei de acordar (porventura)  E ver o dia que se ergue contra a minha insignificância  E hei de o aceitar, nem que seja à força porque assim se nos mostra o mundo...  Se houve