Uma nova vida

Aviso: Este não é um texto literário. 

La Ville aux Cent Clochers

  Olá a todos! Depois de algum tempo sem escrever, aqui venho eu, mas, desta vez, para falar sobre uma nova experiência na minha vida: viver no estrangeiro. Encontro-me neste momento em Rouen, nordeste de França, onde serei assistente de português durante algum tempo ao abrigo do programa de assistentes em França. Resumindo, trabalharei com professores de português em França e a minha missão é a de motivar os alunos a aprenderem português através de apresentações, atividades, etc. 
  
  Ainda não fui às escolas onde vou trabalhar, uma vez que cheguei na sexta-feira. Em breve, irei até lá. Por isso, vou contentar-me em contar a experiência que tive até agora. 

  Em primeiro lugar, cheguei ao aeroporto de Paris-Beauvais dia 27 de setembro por volta das 10h20 (hora de França). O aeroporto é um bocadinho no meio do nada, uma vez que Beauvais não é uma cidade muito grande... Estava na companhia da assistente Diana, com quem partilhei um momento muito importante, e tive muita sorte, porque a Diana ficou em Beauvais. Como a professora de Português de Beauvais a foi buscar, ela não se importou de me deixar na estação de autocarros de Beauvais. Aí, apanhei o autocarro até Amiens. Esta foi a parte mais stressante... Beauvais não foi, porventura, a melhor decisão para aterrar, mas tudo se resolveu com um bocadinho de sorte. Não sabia bem para que lado me virar no aeroporto de Beauvais, mas tudo se compôs. 

  Cheguei a Amiens, que é uma cidade lindíssima, e dirigi-me à gare. Havia vários comboios que iam para Rouen, mas muitos deles não eram diretos. Para simplificar, comprei o bilhete para o comboio das 16:55, que era direto. Como havia chegado às 12:30 a Amiens, fiquei 4 horas à espera... Nada simpático, mas a coisa lá se fez. Comi, dei uma voltinha muito rápida em Amiens (estava bastante carregado) e voltei para a estação, onde fiquei à espera. Li, fui à internet, comprei comida, apanhei ar, fiz de tudo para não me aborrecer. No entanto, a partir das 15:30, já estava farto de esperar. Entretanto, o comboio lá chegou e aí fui eu até Rouen, essa cidade que eu havia escolhido com tanta vontade! 

  Rouen foi uma cidade bastante importante na Idade Média e faz parte da Normandia, uma região francesa lindíssima, ligada, por um lado, à Inglaterra e, por outro lado, à Literatura Francesa. Em 1066, Guilherme, o Conquistador, conquistou a Inglaterra e levou para lá o francês normando que, misturado ao inglês (à língua anglo-saxónica), deu origem ao Inglês moderno. Porém, mais do que essa ligação - já só por si interessantíssima - ao país que está do outro lado do canal da Mancha, o que me levou à Normandia foi sobretudo a Literatura. Região que viu nascer Flaubert e Maupassant, que encantou Victor Hugo e os impressionistas (como Monet) e à qual se fazem inúmeras referências nos textos literários contemporâneos, esta foi a região que escolhi. Adivinhava já que a Normandia seria uma cidade agradável e, como Rouen era a cidade mais conhecida, decidi tentar a minha sorte. Felizmente, fiquei na minha 1ª opção, o que me deixou super feliz! 

  Tive imensa sorte, porque a assistente do ano passado me deu o contacto da sua antiga senhoria, que me está a acolher neste momento. Ela e o marido têm sido 5 estrelas para mim! Ontem, a minha senhoria mostrou-me onde era o supermercado, levou-me a uma das escolas onde vou ser assistente, ao centro da cidade e ainda tive a oportunidade de ver uma bonita exposição na Abbatiale Saint-Ouen, belíssima catedral/igreja francesa. Já não bastava a Cathédrale de Notre Dame de Rouen, ainda há mais igrejas a coroar o centro da cidade, daí ser chamada "la ville aux cent clochers" (a cidade com cem campanários). 

  Adorei ver o centro e quero muito ir visitar cada monumento com atenção e com calma. Terei bastante tempo para isso! Fui muito bem tratado pelos meus senhorios, que gabaram o meu francês e me têm feito imensas perguntas, seja sobre Portugal, ou sobre mim, ou sobre diferentes costumes. 

  Confesso, desde já, que já tive umas quantas peripécias a acontecer. Duas delas no supermercado - nada de grave, mas vale mais não pensar muito nisso - , quando estava em Amiens (o sotaque da região é carregadíssimo e fez-me duvidar das minhas capacidades linguísticas), na rua - adoramos pessoas a pedir dinheiro... O início é também um bocadinho complicado. Sinto que estou numa dimensão diferente, onde estou entregue às minhas forças e até a organização da minha rotina é diferente. Cozinhar, arrumar a roupa, conhecer os arredores, tomar banho, tudo é diferente. Estou numa casa que não é a minha, num espaço que não é o meu, a fazer muitas coisas pela primeira vez e a fazê-las falando francês. 

  Até agora, achei, no geral, as pessoas bastante simpáticas. É engraçado como consigo perceber e falar bastante bem francês, mas os supermercados e os cafés são sítios que me inquietam agora, visto que as pessoas falam bastante rápido aí. No geral, as pessoas veem quando não percebi à primeira, mas já vi que o melhor é pedir para repetirem quando não percebo. Sinto-me algo cansado e, em certos momentos, algo stressado, embora hoje não me vá cansar. Prefiro passar mais tempo em casa para ter energia para a semana que se avizinha. Em breve, ponho-me em novas aventuras. Desta feita, serão aventuras domésticas: acho que vou fazer sopa pela primeira vez! 

  Fico à espera de conhecer as escolas, os professores e os restantes assistentes (de inglês, espanhol, etc). A próxima semana estará repleta de novos momentos. 

  Até breve! 

  Nuno Neves.


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