Livros e mais livros

Os Livros Que Já Li em 2016

  Olá a todos! Bem-vindos a mais um novo post, que eu espero que vos agrade. Se forem pessoas que gostam de ler, como eu, certamente gostarão de saber os livros que já li durante este ano. Se não forem, creio que será uma boa forma de conhecerem livros que talvez reavivem a vossa vontade de ler. Ora então aqui vai:

1 - Memorial do Convento de José Saramago


  Tecnicamente, comecei a ler o livro ainda em 2015, mas li a maior parte em 2016. É certo que fui "obrigado" a ler o livro por motivos escolares, mas, como até gostei, creio que o posso colocar na minha lista.
  Inicialmente, não estava a gostar muito do livro, sobretudo porque a escrita de José Saramago não é propriamente fácil. Frases muito longas, com muitas ideias intercaladas, e sem a pontuação "académica" complicaram a leitura num primeiro momento. No entanto, a partir do 6º capítulo, comecei a entrar mais na obra e a desfrutá-la como deve ser. 
  Trata-se de um livro extremamente interessante, no qual são feitas inúmeras críticas à Igreja, à política e ao ser humano. Mostra-nos a importância do sonho enquanto matéria que impulsiona e motiva a Humanidade a superar-se e a alcançar os seus objetivos - tudo isto está bem consagrado na construção da passarola. Ao longo das páginas deste livro, é ainda impossível não nos deliciarmos e emocionarmos com o amor de Baltasar e Blimunda: um amor diferente, que foge das convenções, mas que se completa a si mesmo. Um amor etéreo e transcendente que nos faz sonhar. 
  Gostei ainda de algumas citações do livro em que José Saramago nos põe a pensar sobre a nossa condição. Nunca esquecerei a parte em que a princesa Maria Bárbara fala com a sua mãe, quando ambas se estão a deslocar para conhecerem o futuro noivo de Maria Bárbara, e chega à conclusão de que "nascer é morrer". 
  De 0 a 10, avalio o livro com 7,5. 

2 - Pride and Prejudice de Jane Austen


  Um livro lindo, lindo, lindo! Vi o filme no início do ano, num sábado à noite em casa das minhas primas e fiquei muito curioso. Quando acabei de ler o Memorial, decidi requisitar o livro em Inglês e gostei imenso da história.
  Por um lado, a leitura em Inglês tornou-se mais simples devido ao facto de já ter visto o filme, pois o Inglês utilizado é mais literário e nem todos os termos são correntes. Porém, creio que quem domina o Inglês como eu consegue lê-lo sem precisar de recorrer muito ao dicionário. 
  Por outro lado, apesar da leitura em Inglês, o livro é simplesmente brilhante. Jane Austen retrata realmente aquilo que indica o título "orgulho" e "preconceito". Mr. Darcy é um homem de alta estirpe, que, apesar de se ir apaixonando por Elizabeth - rapariga de uma classe mais baixa -, luta contra os seus sentimentos por uma mera questão de estatuto. Quando chega a hora de os revelar, também não deixa de demonstrar o seu preconceito, o que nos faz sentir imensa pena de Elizabeth que, como sempre, lhe dá uma resposta à altura. Porém, Elizabeth não é nenhuma "santa" e vemos que a imagem que ela cria de Mr. Darcy quando o conhece não se altera durante bastante tempo. Elizabeth foi também preconceituosa e julgou Mr. Darcy sem sequer o conhecer convenientemente. 
  Ambas as personagens acabam também por personificar o "orgulho", o que é visível através do facto de, durante imenso tempo, não quererem voltar a falar-se e a tratar do que ficou pendente após a declaração de Mr. Darcy. 
  Apesar de tudo, o final é lindíssimo e faz-nos sorrir imenso! A mensagem fulcral deste livro consiste no facto de a autora nos obrigar a parar e pensar nos preconceitos que ainda hoje existem. Não há amores nem relações proibidas se soubermos manter o espírito aberto e não mergulharmos nem no preconceito nem no orgulho. 
  De 0 a 10, avalio com 9. 

3 - 1984 de George Orwell 



  Todas as pessoas deveriam ser obrigadas a ler este livro. Tive de o ler para um trabalho de História, mas a verdade é que já o queria ler de qualquer forma, pelo que não me custou nada. 
  A leitura do livro é extremamente fácil. Não há nada de descrições excessivas, nem linguagem muito rebuscada, o que torna o livro acessível. Porém, encerra uma mensagem poderosíssima. 
  Ao folhear as páginas desta obra, conhecemos Winston, um funcionário do Ministério da Verdade na Oceânia, que, ao contrário dos restantes membros da sociedade, apercebe-se das falhas e das contradições do regime totalitário e esmagador em que vive. Winston conhecerá Julia - alguém que também odeia o sistema, embora de um modo diferente - e iniciará um relacionamento com ela. Winston conseguirá obter algumas informações que mostram os males e as grandes lacunas existentes na sociedade autoritária em que vive, mas isso não bastará... 
  É um livro que pinta o retrato de uma sociedade manipuladora, dogmática e acrítica. Nesta sociedade, todas as informações eram manipuladas de modo a coincidirem com o pensamento das altas instâncias do poder. A própria língua estava a ser transformada para que nenhum indivíduo pudesse ter pensamentos desviantes. Tudo era feito com o fim de controlar os indíviduos, de os tornar marionetas manipuláveis, sem qualquer tipo de pensamento crítico. 
  Terminarei a minha apreciação citando uma frase assustadora e arrepiante do livro "Se queres uma boa fotografia do futuro, imagina uma bota a pisar um rosto humano para sempre". 
  De 0 a 10, avalio com 9,5. 

4 - As Intermitências da Morte de José Saramago 



  Em plenas férias da Páscoa, decidi ler este livro no meu computador e gostei muito. 
  Nesta obra, a Morte decide "entrar de férias" e deixará de haver mortes durante algum tempo, o que causará pânico e transformará a sociedade. Na primeira parte deste livro, veremos como a sociedade enfrenta este desafio e como todos querem lucrar ou ganhar algo com esta súbita mudança. A primeira parte torna-se realmente cómica porque retrata realmente o ser humano e todas as suas "manias". 
  Na segunda parte, conheceremos a personagem Morte, que entretanto tinha voltado ao seu trabalho, embora lhe surja um imprevisto ao executar as suas tarefas. A Morte terá, então, de sair dos seus aposentos e entrar no mundo dos vivos para tratar de um assunto pendente. Será, novamente, uma parte muito interessante e até cómica, que nos faz pensar naquilo que uma figura fria e austera sente,
  De 0 a 10, avalio com 8,5 

5 - A Aparição de Vergílio Ferreira



  Acho que, um dia, vou ter de reler este livro com mais concentração, apesar de ter gostado. Acontece que o li numa altura em que me sentia mais cansado e stressado, o que fez com que não acompanhasse a história com a tranquilidade necessária. 
  Porém, retive ainda algumas coisas do livro. O livro fala-nos de Alberto Soares, um professor de Latim, que se muda para Évora para aí dar aulas. Em Évora, conhecerá inúmeras personagens com quem irá travar amizade e discutir assuntos relacionados com a existência. 
  Ao longo desta obra, o protagonista irá descrever sensações relacionadas com a existência, como a aparição de si a si mesmo. Trata-se de um ponto fulcral da obra, a partir do qual as nossas percepções acerca de Alberto Soares e da sua existência mudarão. A sua vida e a dos que o rodeiam nunca mais será a mesma devido às questões que este levanta e aos inúmeros acontecimentos que surgem.
  De 0 a 10, avalio o livro com 7,5.

PS: Acho que esta avaliação seria diferente se eu tivesse lido o livro noutra altura e com mais serenidade. 

6 - Diálogo sobre a Justiça de Platão



  Esta obra é um excerto d'A República de Platão e, pelo que soube, acho que adquiri uma edição não muito fidedigna, mas li o livro de qualquer forma. 
  Sinceramente, gostei imenso de ler este pequeno excerto. É muito fácil de ler, porque tudo é feito em diálogo, e acaba por ser muito interessante para aqueles que gostam de Filosofia e desejam ler algo leve e, no entanto, importante. Sócrates irá dialogar com outras figuras e mostrar-lhes aquilo que realmente é justo e bom. 
  Após ter lido este livro, senti bastante curiosidade em ler A República de Platão. Um dia destes, vou ler essa obra, sem dúvida!
  De 0 a 10, avalio o livro com 8,5 (dar-lhe-ia mais se soubesse que era 100% fidedigno). 

7 - Madame Bovary de Gustave Flaubert 



  Para os amantes do realismo, esta obra é um must (e não fosse Flaubert um dos mais conceituados escritores realistas de todo o sempre!). 
  Ao longo das páginas deste livro, conheceremos a história de Emma, uma jovem da baixa burguesia, que "foi alimentada" durante toda a sua vida com ideias românticas. Emma sonha com uma vida de luxo, com passeios, com aventuras livrescas, pelo que não ficará satisfeita com o seu casamento com Charles Bovary - um médico entediante, apesar de extremamente apaixonado pela mulher. 
  Emma perseguirá os seus sonhos românticos e terá dois amantes - Rodolphe Boulanger e Léon - com os quais cometerá extravagâncias e loucuras, embora nenhum dos dois relacionamentos termine muito bem. Aliás, o final é bastante trágico e, por acaso, eu até esperava um desfecho diferente. 
  É uma obra muito rica e na qual abundam descrições detalhadas que podem complicar a fluidez da leitura. Todavia, o retrato da sociedade francesa do século XIX é brilhante e Emma será objeto das nossas reflexões. Afinal de contas, quantos de nós também não vivem ou viveram mergulhados em fantasias e ilusões irrealizavéis? Sonhar é bom, mas temos de saber encarar a realidade e, por vezes, aceitá-la. Porém, neste caso, as fantasias de Emma derivavam das regras e conceções da sociedade. Uma sociedade que, num primeiro momento, ilude os seus membros e que, no momento seguinte, os esmaga e corrompe. Uma sociedade de aparências, que sabe julgar, mas que não sabe olhar para os seus próprios defeitos.
  De 0 a 10, avalio o livro com 9,5. 

Curiosidade: O termo "bovarismo" é utilizado na psicologia e refere-se "ao estado de insatisfação crónica de um ser humano, produzido pelo contraste entre as suas ilusões e aspirações (que geralmente são desproporcionadas tendo em conta suas próprias possibilidades) e a realidade frustrante."
  

8 - O Pintor da Vida Moderna de Charles Baudelaire



  Esta obra, como o título acaba por evidenciar, centra-se na arte, na criação artística e no ideal de pintor. 
  Neste ensaio, somos confrontados, em primeiro lugar, com uma ideia muito interessante sobre o belo: "O belo é feito de um elemento eterno, invariável, cuja quantidade é demasiadamente difícil de determinar, e de um elemento relativo, circunstancial que será, se quisermos, de cada vez ou em conjunto, a época, a moda, a moral, a paixão." Assim determina Baudelaire o que é a arte -  uma mistura entre o que é  eterno e imutável e entre aquilo que, extraído do presente e fazendo parte do efémero, consegue fazer parte da própria arte e tornar-se história. 
  Em seguida, Baudelaire irá apresentar-nos o artista Constantin Guys, aqui denominado por Mr. G., e que representa para ele o pintor ideal. Segundo Baudelaire, ele imiscui-se na realidade, absorve tudo aquilo que faz parte dela e é, no fundo, "um cidadão do mundo". É assim que os pintores deverão agir, segundo este poeta do século XIX, pois só assim conseguirão retratar fielmente a realidade e captar os momentos que, apesar de efémeros, se devem incluir na obra de arte. O pintor deve sair do atelier e do estúdio para contemplar a cidade, palco onde vários fenómenos se entrecruzam. 
  Ao longo desta obra, Baudelaire abordará ainda temas como a moda e a maquilhagem, que se tornam extremamente importantes para o pintor, segundo ele, pois são formas de camuflar e embelezar o ser humano. De acordo com Baudelaire, o ser humano está fatalmente inclinado para o mal, razão pela qual há muitos séculos se tenta ensiná-lo a seguir uma conduta virtuosa. Assim, tudo o que é bom é mais artificial do que natural, tal como a maquilhagem, que também acaba por transformar positivamente a natureza.
  Também a moda vai ao encontro dos princípios enumerados por Baudelaire relativos à arte moderna. A moda constitui também algo efémero, mas que transforma não só o vestuário como também os gestos e as posturas e o próprio artista deve saber apreciá-la, captá-la e incluí-la na obra de arte. 
  Recomendo a obra a todos aqueles que gostam de arte. O posfácio do meu livro, redigido por Teresa Cruz, ajuda-nos a compreender melhor a mensagem de Baudelaire e transmite ideias bastante interessantes.
  De 0 a 10, avalio o livro com 7. 

9 - Os Miseráveis (volume II - Cosette) de Victor Hugo



  Depois de ter lido o volume I desta belíssima saga no final do ano passado, decidi, há pouco tempo, requisitar o volume II (e agora já vou no III). 
  O início do volume II é bem mais maçador do que o início do volume I, pois descreve os vários acontecimentos na famosa batalha de Waterloo, que fez com que Napoleão perdesse o domínio que tinha na Europa. É uma parte bastante entediante e que, na realidade, só está ligada à trama principal por um único acontecimento importante, que ocorre mesmo no final desta parte.
  Passada essa parte, o livro torna-se realmente interessante. Vamos ser levados novamente para junto de Jean Valjean, outra vez condenado às galés, mas que conseguirá escapar, dirigindo-se em seguida a Montfermeil para salvar Cosette, filha da pobre Fantine que falece ainda no volume I. Jean Valjean salvará esta pequena criança das mãos dos estalajadeiros Thénardier, que a maltratavam e escravizavam. Seguirão os dois para Paris, onde se instalarão na Casa Gorbeau, mas ficarão aí pouco tempo, pois Jean Valjean será outra vez perseguido pelo temível polícia Javert.
  Apesar da perseguição, Jean Valjean e Cosette conseguirão salvar-se e ficarão instalados no Convento do Petit-Picpus, graças à ajuda de um antigo morador de Montreuil-sur-Mer, cujo nome é Fauchelevent, 
   De 0 a 10, avalio com 9 este segundo volume. 

  E são estas as leituras que fiz até agora durante este ano! Caso tenham gostado e tenham alguma dúvida acerca de algum livro, por favor questionem-me. Se não gostaram de algum dos livros desta lista, digam também para partilharmos opiniões. Muito obrigado e até à próxima!




Nuno Neves


  

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