A Santidade Hipócrita




  Muito bom dia a todos! Espero que estejam todos bem e que estejam a aproveitar a Páscoa. Tendo em conta que este é um feriado santo, podem até estranhar o título desta minha ''crónica'' (nem sei o que lhe devo chamar!), mas vão já perceber tudo! 
  Ontem, dia 4 de abril de 2015, aconteceu-me algo que me fez pensar nos comportamentos das pessoas e, hoje, voltei a ver um comportamento semelhante (não para comigo), que me fez pensar que será importante falarmos de RESPEITO, BOA EDUCAÇÃO E VALORES MORAIS que parecem faltar à maioria das pessoas (e posso estar a falar contra mim em certos casos, admito) e, uma vez que esta época é uma época santa, talvez seja importante refletir no que eu irei contar aqui. 
  Ora então, estava eu a falar do dia de ontem! Ontem, onde eu vivo, isto é, em Arganil, houve um evento musical chamado ''Arganil Rock'', ao qual eu fui e no qual me diverti imenso, também! Contudo, aconteceu-me algo curioso (nem há palavra para aquilo) no recinto do evento e passo a contar: Estava eu a dançar com algumas amigas minhas, ao ouvir a banda Funil e Abelhinha, quando, de repente, uma amiga minha me diz que uma rapariga, não muito longe de nós, estava a olhar para mim e a rir-se. E porque é que ela se estava a rir? Porque eu estava a dançar, basicamente. Embora ela tenha olhado, eu continuei a dançar durante mais um bocado, porque eu estava lá para me divertir, não para ficar tipo pau de vassoura a marcar presença como a maior parte das pessoas faz (e como a tal rapariga fez). Entretanto, eu e a minha amiga começámos a olhar para ela, a ver se ela também olhava para nós, já que estava com tanto interesse em nós (e, sobretudo, em mim) e ela olhou algumas vezes. A certa altura, eu olho para ela nos olhos, aceno com a cabeça como quem diz ''Sim, qual é o teu problema?'' e ela fica com a cara a derreter como cera e vira-se para o lado, naturalmente envergonhada por ter sido confrontada. Mas, a pobre coitada, que eu não conheço de lado nenhum, veja-se bem!, voltou a olhar e, desta feita, a minha amiga olha para ela com ar de má (naquela altura, acho que eu estava a dançar) e diz ''Tens algum problema?''. Confrontada outra vez, acabou por parar de olhar e, aliás, deixei de a ver no resto do espetáculo (e ainda bem!). 
  O segundo episódio que eu presenciei hoje foi um pouco diferente. Basicamente, um grupo de meninos que eu conheço pôs-se a gozar com uma senhora muito mais velha do que eles, só pelo facto de estar de vestido decotado e saltos-altos a passear, o que me fez pensar, mais uma vez, na falta de respeito e consideração das pessoas. 
  Ora, tendo em conta estes episódios, vou tecer algumas considerações. Relativamente ao primeiro episódio, sinceramente, eu não sei qual era o problema da moça. Nunca a vi na minha vida, não a conheço de lado nenhum e ela também não, com certeza, e, pelo simples facto de eu ser RAPAZ e gostar de DANÇAR, sim abanar o rabo inclusive, num EVENTO MUSICAL (é tão estranho as pessoas dançarem em eventos musicais, não acham? Sobretudo com bandas que tinham imensa energia!), começou-se a rir. Olha, minha querida, eu é que realmente fui estúpido ontem, senão ter-te-ia perguntado qual é o teu problema. Que eu saiba, estou no meu direito de dançar, de me divertir, de sentir a música, abanar o esqueleto até cair num evento daqueles e, se não estás habituada ou não gostas, calavas-te e saías dali. Sim, eu também sou um ser humano. Sim, eu também mereço respeito. Sim, eu não gozei contigo, nem sequer te tinha visto antes da minha amiga me dizer, portanto, não havia necessidade. Não estás habituada às coisas assim? Que pena, eu ando aqui para ser quem sou, não para andar a ver os outros e andar a olhar para eles e ficar feito pau de vassoura no meio de um concerto, que é o que tu, querida ''gozante'', fizeste. Tudo isto me faz concluir que, realmente, as pessoas querem respeito e dizem-se tolerantes e bem-educadas e, no fundo, são estúpidas como tudo. Sim, eu já fiz muita porcaria, sim já fui assim, mas mudei e aprendi que temos de, pelo menos, TENTAR ser tolerantes, mesmo que não gostemos de como são os outros e daquilo que eles fazem. Em relação ao segundo episódio, acho que não preciso de dizer muito mais. Apenas referir que aquela senhora TINHA O DIREITO de usar a roupa que quisesse e que podia ser decotada, ou não, e ninguém tem nada a ver com isso. A roupa não faz as pessoas, nem o que nós vemos exteriormente.
  Como eu disse e muito bem, estamos na Páscoa e, como muita gente se diz muito boazinha, tolerante e querida, então talvez seja altura de REPENSAR nos seus valores e nos seus comportamentos. Não há um caminho certo nesta vida, meus caros, cada um é como cada qual e, se as pessoas forem respeitadoras, não há grandes conflitos. E, para espicaçar ainda mais, relativamente às pessoas mais religiosas e que se dizem muito boas pessoas, pensem que a religião não é tudo e que não é só ir à missa e rezar duas vezes por dia que faz as pessoas ser boas, tolerantes e bem-educadas e não é isso que nos garante salvação. Não, eu não sou crente, aliás, nem sei que relação tenho com Deus, mas, como não gosto muito de certas ideias religiosas, sigo os meus valores e tento ser uma pessoas realmente TOLERANTE para com quem não faz nada demais e quer, simplesmente, viver livremente e ser tratado como os demais. 
  Portanto, é bom pensar e fazer alguma introspeção (procurem no dicionário) nesta altura e começar a ter cuidado com os comportamentos que cada um de nós tem, para não sermos santinhos só na hora de confessar os pecados (metaforicamente falando). Boa Páscoa! 



  

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