
Choro de Palavras Imperscrutável. Gostaria que o meu rosto se tornasse imperscrutável. Que fosse sempre imperscrutável, como a brisa noturna que me acaricia os pés ao mesmo tempo que me esvazia os pulmões de melancolia. Gostaria de deixar de ser um aglomerado de raiva e de tristeza contra alguém ou contra alguma coisa cujo nome anseio descobrir. Gostaria de ser uma alma da ataraxia, mas sou um boneco demasiado humano que sente tudo e que tudo deixa alojado na sua alma. O dia esmorece e nunca estive tão feliz por isso. O calor enlouquecedor da tarde dissipa-se e dá origem a um crepúsculo tingido de roxo, cinzento, laranja e azul. O calor e a luz lancinantes matam-me de dia e só o reinado do crepúsculo me faz, enfim, suspirar. Sinto uma ligeira acalmia; a vontade de rasgar a caixa torácica e de me esganar num grito apazigua-se. A brisa leva os pensamentos inconstantes que se apoderam de mim e põe fim a mais um dia. Um dia como qualquer outro, em que t...