Espírito de Verão

A Memória de (me) Imaginar Pegar nos tachos, nas colheres e nos pratos. Agarrar uma cebola, picá-la bem picadinha para lhe sugar a essência minutos mais tarde. Selecionar a quantidade de massa necessária para o jantar. Colocar o tacho da massa ao lume, cheio de água e sal. Fazer um refugado com a cebola já cortada, adicionar azeite e polpa de tomate. Abrir a lata de atum à pressa, como se o tempo me fugisse das mãos, e fazer deslizar o conteúdo daquela lata para dentro do tacho onde o refugado prontamente o esperava. Acabar de cozer a massa. Sentir o vapor queimar-me as mãos e aquecer-me o espírito. Abrir a porta da varanda para deixar entrar o ar. Parar. E sentir o vento. O vento que me envolve e embala, enquanto a música me explode nos ouvidos e sinto as minhas pernas a dançar enquanto vou tratando da comida. Imaginar-me numa casa de Verão, sozinho, sem ninguém a perturbar a minha ataraxia, longe de todos. Voar para um...